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01/12/2015 09h09

'Convite à Viagem' exprime versos de poetas mundiais

"Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As árvores que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá." O sotaque do ator italiano Marco Gambino demonstra seu empenho para encontrar a poesia de Gonçalves Dias em sua essência. O texto integra o espetáculo Convite à Viagem, que faz única apresentação em São Paulo, nesta terça-feira, 1.º, no Espaço Promon.

Após cumprir temporada no SouthBank Centre, em Londres, o espetáculo dirigido por Monica Nappo, atriz de Para Roma com Amor (Woody Allen), foi idealizado pelo pianista Marcelo Bratke em um encontro com o antigo amigo Marco. "Nos conhecemos quando eu tinha 25 anos. Naquela época, eu sonhava em ser músico e ele, ator. O tempo passou e nos reencontramos. Junto, veio o desejo de concretizar um trabalho", relembra.

E, movidos pelo poema Linvitation au Voyage, de Charles Baudelaire (1821-1867), eles procuraram reunir no espetáculo textos que retratassem a complexa relação dos poetas e músicos com lugares. "São compositores inspirados por locais onde nunca estiveram, e poesias de grandes escritores que falam sobre países distantes, objetos de seus desejos."

Na lista, estão as obras de Manuel Bandeira, em Vou-me Embora pra Pasárgada; Jorge Luis Borges, em As Ruas de Buenos Aires; e o Tango, de Igor Stravinski. "A ideia é partir em uma viagem mais introspectiva por meio da poesia", ressalta.

Para o pianista, isso valoriza a experiência do ato de viajar, segundo ele, atualmente tão banalizada. "Hoje as pessoas vão aos países, fazem uma selfie, como todas as outras, e afirmam que estiveram no local. O espetáculo propõe uma viagem da pele para dentro", conta.

Para concretizar as ideias no palco, a artista plástica e mulher do pianista Mariannita Luzzati criou um filme que exibe imagens de mares e ilhas. "É como se o caminho passasse por sobre as águas e as ilhas fossem locais de parada, descanso. São gravações de diversos continentes e exibidas no ritmo da natureza", explica o pianista.

Em conjunto com a projeção, há uma bicicleta com a roda de trás suspensa. Ao som do piano, Gambino pedala declamando os versos. "Sempre pensei no piano como um instrumento de comunicação e universal. De frente para a bicicleta, conversamos sobre a beleza dos lugares e da saudade de retornar."

A empreitada também reflete o desejo de que os concertos se encontrem com a arte contemporânea, mesclando a música erudita com o teatro e as artes visuais. Bratke explica que "atualmente, o formato dos concertos se tornou um beco sem saída, sem qualquer novidade. É preciso pensar em diferentes formas".

Na montagem, as canções descrevem essa transição. "Vamos do erudito ao popular." E partindo de In a Landscape, canção de John Cage (1912-1992), a montagem sobrevoa a saudade de locais e de pessoas até aterrissar no Rio de Janeiro com o Samba do Avião, de Tom Jobim. "Rio, seu mar. Praia sem fim." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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