07/10/2017 08h30
Desenhos de Waltercio Caldas em mostra e livro
Com coordenação editorial de Charles Cosac, diretor da Biblioteca Municipal Mário de Andrade, o livro Os Desenhos, que reúne obras de vários perÃodos do artista carioca Waltercio Caldas, será lançado nesta sábado, 7, à s 12 horas, com uma exposição de 35 trabalhos seus, na Galeria Raquel Arnaud. O livro, publicado pela Editora Bei, traz um ensaio escrito por Lorenzo Mammì, diretor de programação do Instituto Moreira Salles (IMS), em que o crÃtico analisa como Caldas, recorrendo ao surrealismo, ao dadaÃsmo, ao neoconcretismo e à arte conceitual, afirmou sua autonomia artÃstica e se tornou um dos vetores da arte contemporânea brasileira.
Mammì escreve, em seu ensaio, que Waltercio Caldas, entre os artistas, "foi o que soube tirar do neoconcretismo as consequências mais ricas", chamando também a atenção para o uso da herança do dadaÃsmo e do surrealismo em sua obra, particularmente em seus desenhos. O desenho, para Waltercio Caldas, não é um projeto racional que se contrapõe à sensualidade da escultura ou da pintura. A contemplação de seus trabalhos, diz Mammì, "nunca se reduz a pura visibilidade". O Qu
e interessa ao artista, conclui, "não é o conceito da coisa, mas suas infinitas aparências".
Em outras palavras, não se trata de abusar do conceito, como fez o americano Joseph Kosuth, seu contemporâneo (o artista brasileiro, nascido em 1946, é um ano mais novo). "Nunca um objeto ou uma imagem de Waltercio poderiam ser substituÃdos por uma definição, à maneira de Kosuth, porque não é possÃvel estabelecer de uma vez por todas qual seria o objeto ou a imagem a serem definidos", escreve Lorenzo Mammì no livro.
Waltercio conta que o livro está em preparo há mais de três anos. Há nele desde desenhos feitos em 1975, quando um grupo de artistas e crÃticos criou a revista Malasartes, da qual Waltercio foi editor, até trabalhos mais recentes, de 2014. Nenhum deles é projeto ou esboço para esculturas. "Não uso o papel como superfÃcie, e sim como espaço, o que me libera, pois todas as minhas questões são tridimensionais", explica.
Waltercio, esclarece Lorenzo Mammì no livro, "não constrói formas, muito menos estruturas, mas situações". O crÃtico inglês Guy Brett, que levou a obra dos neoconcretos brasileiros para Londres ainda nos anos 1960, escrevendo a respeito do artista num livro publicado em 2016 pela Fundação Cisneros, pergunta, afinal, que abstração é essa que usa elementos reais como um copo ou um peso? É justamente essa "exatidão e estranhamento" (palavras de Mammì) que podem fornecer uma pista ao espectador.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo