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11/03/2016 12h00

Elias Andreato vive uma inocente funcionária em 'Dona Bete'

As cenas das últimas semanas na política nacional não podiam ser tão inspiradoras para o teatro. Denúncias de corrupção são feitas, os envolvidos prestam declarações e os jornalistas correm para dar repercussão dos casos. Tudo isso também ocorre na comédia Dona Bete, espetáculo que estreia neste sábado, 12, no Teatro Eva Herz.

O texto inédito de Fauzi Arap (1938-2013) ganha vida no palco com Elias Andreato - aluno e grande amigo do autor - que interpreta a secretária de um deputado federal. Na montagem, Bete participa de uma entrevista coletiva para esclarecer a participação do patrão na morte de um traficante. "Ela é muito ingênua", conta Andreato. A secretária chega ao evento acompanhada de seu advogado, dr. Olavo, e, enquanto aguarda o deputado, deixa escapar dados sigilosos sobre o que aconteceu. "Ela pensa que vai ajudar, adiantando as respostas para os jornalistas, mas acaba falando demais."

O tal episódio da morte do traficante envolve também o sogro do acusado, um poderoso senador. "Aos poucos, Bete conta seus próprios segredos, de que é amante de seu chefe e que está apaixonada por ele", explica o ator.

Para Andreato, que festeja seus 45 anos de carreira, mergulhar na história de Arap tem a intenção de repensar o atual comportamento do brasileiro diante do noticiário político. "As coisas estão tão amargas. Não existe qualquer possibilidade de falar do tema sem que você precise se posicionar em um dos lados." Ele ressalta que o texto de Arap permite falar sobre o mundo do poder sem ser partidário e maniqueísta. "Estamos começando a odiar amigos e inimigos com a mesma intensidade. Isso não está certo. A peça foi feita para rirmos sem deixar a preocupação com a situação do País", explica.

Ao lado de Elias Andreato, está um parceiro de longa data. Nilton Bicudo foi aluno do ator e juntos montaram outros texto de Fauzi Arap, como Coisa de Louco (2012) e A Graça do Fim (2013).

Em Dona Bete, Bicudo faz o advogado que acompanha a secretária tagarela. "O dr. Olavo tenta acobertar o caos provocado por ela. Ele também tem alguns segredos e revelações, e tenta controlar a situação. Sem sucesso, o advogado serve para jogar ainda mais lenha na fogueira", conta o ator.

O jogo de provocar o riso com o humor sarcástico de Arap é uma das grandes riquezas do autor, conta Andreato. "Fauzi surgiu como um dramaturgo poético e conseguiu provar o poder e a força da palavra no palco." Com o passar do tempo, o ator lembra que Arap ficou um pouco abandonado, por não compreenderem suas produções. "As obras dele foram feitas para pensar, mas ultimamente parece que ninguém quer parar para refletir. Montar esse texto também tem o objetivo de apresentar suas obras à nova geração."

Ao olhar para o passado, Andreato diz que pode comemorar e que, depois de tantas mudanças no Brasil e no teatro feito por aqui, ele não reclama do preço pago para ser um artista. "Existe um coisa que não mudou: a minha paixão pelo teatro. Eu nunca almejei muita coisa para além do tablado. Todas as profissões são importantes para o País. Me considero um trabalhador." Quanto à função política do artista, ele diz: "quanto mais anárquico ele for, mais interessante será".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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