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09/06/2015 09h10

Em 'S'Imbora, o Musical', Wilson Simonal surge como o cantor incomparável

Ícaro Silva roubou a cena quando interpretou um personagem originalmente secundário em Rock in Rio - O Musical. Sua ginga, simpatia e desenvoltura garantiram um degrau acima em Elis - A Musical, no qual interpretou Jair Rodrigues, emocionando o próprio cantor, que o assistiu meses antes de morrer. Agora, Ícaro dá mais um (largo) passo em sua carreira ao protagonizar SImbora, o Musical - A História de Wilson Simonal, que estreia nesta quinta-feira, 12, no Teatro Cetip, depois de uma bem-sucedida carreira no Rio.

Escrito por Nelson Motta e Patrícia Andrade, com direção de Pedro Brício, o espetáculo acompanha a trajetória de Wilson Simonal (1939-2000), um dos músicos mais amados e mais desprezados da história da música brasileira. Dono de uma voz incomum e impecável e uma simpatia cativante, Simonal alimentou inimizades ao sedimentar a imagem de um homem arrogante que, antes negro pobre, era acusado de ostentar uma riqueza, fruto de sua ascensão social. Unanimidade nacional nos anos 1960, Simonal entrou em declínio na década seguinte, especialmente quando foi acusado de delator a serviço da ditadura militar. Sua carreira evaporou e o cantor amargurou um ostracismo artístico até sua morte.

"Ele é um mistério, não é um herói romântico, pelo contrário. É uma figura contraditória, com múltiplas facetas, mas a peça não faz um julgamento. O espetáculo tem essa riqueza, essa multiplicidade: vai da ascensão absoluta do primeiro artista negro pop à sua total decadência", define o diretor Pedro Brício.

Filho de uma cozinheira e de um radiotécnico, Wilson Simonal suou até despertar atenção do produtor, apresentador e compositor Carlos Imperial, nos início dos anos 1960, quando começou a gravar as primeiras canções. Embarcou com o sucesso de Balanço Zona Sul e logo emendou uma série de hits como Sá Marina, País Tropical, Meu Limão, Meu Limoeiro, Lobo Bobo, Mamãe Passou Açúcar em Mim, presentes no musical.

"Ele logo se tornou um grande entertainer, contava piadas, dançava e dominava a plateia como nenhum artista do seu tempo, fazendo o Maracanãzinho lotado cantar como um coral em que ele era o maestro", comenta Nelson Motta. Com o público e a crítica a seus pés, Simonal parecia indestrutível. Mas, no início da década de 1970, sua majestade começou a apresentar rachaduras: encerrou um contrato com a TV Globo, brigou com o Som Três, que o acompanhava desde o início, e desfez o escritório da Simonal Produções.

O pior veio em seguida - desconfiado do seu contador, pediu ajuda a amigos policiais (na verdade, agentes do DOPS), que o sequestraram para que denunciasse quem o estava roubando na sua produtora. A situação se reverteu, Simonal foi preso e, depois de uma cadeia de equívocos, foi acusado de delator a serviço da ditadura militar. O suficiente para Simonal ser banido completamente do meio artístico. "O musical não traz apenas a história de um homem, mas também fala sobre nosso País e como era nossa sociedade, não só em termos de preconceitos, mas de conflitos políticos. O que aconteceu com ele tem a ver com o período, talvez não tivesse acontecido em outro contexto histórico", explica Brício.

Para viver um papel tão complexo, cerca de mil candidatos enviaram seu currículo. Foram selecionados cem para o teste e Ícaro, que cantou País Tropical e Mamãe Passou Açúcar em Mim, foi o escolhido. "Acho que meu trunfo foi resgatar a malandragem e alegria naturais dele, sem imitá-lo", comenta. "Posso interpretar um cantor alegre, malandro, carismático. O que não posso é ser alguém que já se foi. À minha maneira, tento trazer ao palco aquilo que liga Simonal a seu público."

Esse é um dos segredos da grande interpretação de Ícaro. "Desde o início do processo, Pedro (Brício) não queria uma cópia, mas uma interpretação que fizesse lembrar o Simonal", conta o ator. "Trabalhei com a Laila Garin no Elis e, lá, ela teve a mesma função e foi muito feliz ao resgatar a personalidade da Elis, sem imitação."

Sem informações sobre Simonal no início do trabalho ("Minha geração não o conhece"), Ícaro passou a estudar e a ouvir todas as gravações do cantor. Foi útil também o documentário Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei (2009), de Micael Langer, Calvito Leral e Cláudio Manoel. "Entendi quem foi Simonal e também a sua época." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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