30/10/2016 08h10
Espaço paga o preço por não querer se reinventar
O Hangar 110 pretende se manter fiel ao modelo que o colocou entre as casas independentes mais famosas de São Paulo, pelo menos é o que garante o dono Marco Alemão. "O Hangar nunca teve patrocÃnio de ninguém. Nós sempre apostamos em bandas com repertório autoral na faixa matinê. Todas as apresentações terminam à s 23h30 para que as pessoas possam usar o transporte público. Não queremos apelar para bandas cover ou baladas, como muitas casas fizeram nos últimos anos. Vamos nos manter fiel ao nosso estilo até o fim", diz Alemão, que não sabe ainda quando o Hangar vai encerrar suas atividades. "Temos shows marcados até março do ano que vem. Não posso cravar uma data, mas a ideia é que funcione até o fim do ano", conclui.
Casa vazia
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo esteve no Hangar 110 no último domingo, 23, para assistir a um festival de bandas independentes. Vazio, cerca de 40 pessoas viram a performance das bandas Explain Away, Orgânico, Los Tres Acordes, Radiofônika e Rumo norte.
"O sonho de qualquer banda de hardcore era tocar no Hangar 110. Essa é a primeira vez que nos apresentamos aqui. É muito difÃcil ser independente no Brasil. Sem o Hangar, vai ficar ainda mais complicado", diz Antônio, baterista da grupo de hardcore Explain Away. "Não tem como falar sobre punk e hardcore sem citar o Hangar 110. Isso aqui é um verdadeiro santuário", afirma Akira, vocalista do Los Tres Acordes.
O técnico de som holandês Tom Bicker, 61, trabalha no Hangar 110 desde a abertura da casa, em 1998. Com a confirmação do fechamento do local, ele ainda não sabe o que fará. "O Hangar é o meu segundo lar desde que vim para o Brasil. Já vi muita coisa acontecer aqui, desde pedidos de casamento a garotas que rasgaram as blusas e ficaram com os seios para fora. Também presenciei alguns shows históricos e monumentais. Vai ser impossÃvel substituir esse vazio que o Hangar vai deixar. Todas as minhas lembranças no PaÃs estão atreladas a ele", complementa o holandês.
Fonte: Estadão Conteúdo