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08/12/2022 17h30

Luis Fernando Verissimo escolhe filmes de mostra na Cinemateca

Mesmo não sendo jornalista de cinema, Luis Fernando Verissimo transformou muitas vezes suas crônicas em críticas memoráveis de obras viscerais como Meu Ódio Será Sua Herança/The Wild Bunch, de Sam Peckinpah, e Os Deuses Malditos, de Luchino Visconti. Estamos falando de filmes dos anos 1960/70. Verissimo nunca deixou de refletir sobre a arte e o mundo. Sempre teve um olhar arguto para o cinema. Ele se recupera do AVC que sofreu no começo de 2021. A Cinemateca Brasileira concedeu-lhe uma carta branca e, de quinta, 8, até o domingo, 11, apresenta sete filmes por ele escolhidos.

A programação especial começa exatamente na quinta, às 20h, com a apresentação ao ar livre, na área externa da Cinemateca, do longa nacional de Andrucha Waddington, Eu Tu Eles. A história - real - de Darlene e seus três maridos. Escrito por Elena Suarez e fotografado pelo futuro diretor Breno Silveira - que morreu este ano -, o filme proporciona belíssimos papéis a Regina Casé e aos atores que interpretam seus maridos - Stênio Garcia, Lima Duarte e Luiz Carlos Vasconcelos. Não seria tão bom sem a trilha de Gilberto Gil, que reinterpreta, musicalmente, clássicos como Esperando na Janela, Asa Branca, Assum Preto e Último Pau de Arara.

Na sexta, às 18h, será a vez do filme surpresa. Para dar um gostinho, vale acrescentar que é produção brasileira recente e muito bem interpretada. De certeza, às 20h, na Sala Oscarito, será a vez de rever Apocalypse Now, o clássico operístico sobre a Guerra do Vietnã que Francis Ford Coppola adaptou livremente de Joseph Conrad, O Coração das Trevas. O monólogo de Marlon Brando como o Coronel Kurtz - O horror, o horror - é uma peça de antologia. O ataque de helicópteros ao som de A Cavalgada das Valquírias virou a mais perfeita representação daquela guerra movida a napalm.

No sábado e domingo, 10 e 11, a programação ocorrerá à tarde. No sábado, às 14h e 16h15, O Sol por Testemunha e Gunga Din. No domingo, às 14h e 16h, A Janela Indiscreta e A Noite Americana. Só quem foi jovem por volta de 1960 pode avaliar o impacto que teve a adaptação de Patricia Highsmith por René Clément, com Alain Delon como o talentoso - e assassino - Ripley.

Gunga Din pode parecer hoje equivocado como celebração do colonialismo, mas como aventura é eterno, um trabalho primoroso de George Stevens. No domingo, às 14h e 16h, A Janela Indiscreta e A Noite Americana. Duas celebrações do cinema. A vida que James Stewart, imobilizado, flagra de sua janela é o próprio cinema revisto pelo mestre do suspense Alfred Hitchcock. François Truffaut revela os bastidores de uma filmagem. Como homem que amava as mulheres oferece papéis inesquecíveis a Jacqueline Bisset e à diva Valentina Cortese.

Fonte: Estadão Conteúdo
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