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Variedades
08/12/2016 08h09

Matheus Souza e sua comédia cheia de graça

Sophie Charlotte pode não ter sido a melhor atriz no Festival de Gramado deste ano. Ninguém reclamou quando o júri atribuiu o Kikito da categoria para Andréia Horta, por Elis. Mas Sophie foi a grande musa, com dois filmes que, de certa forma, são afins. BR 716, de Domingos Oliveira, o grande vitorioso, e Tamo Junto, de Matheus Souza. O primeiro já está em cartaz nas salas, o segundo estreia nesta quinta, 8. Matheus está no filme de Domingos que, não por acaso, o considera o melhor ator e autor de sua geração. Sophia tem um papel de vamp em BR. Brinca que fez na cara dura. "Cara de pau. Olha pra mim, vê se eu sou essa mulher glamourosa?" A personagem de Tamo Junto é mais próxima dela. É encantadora. E o filme é muito legal, o melhor de Matheus Souza.

Tamo Junto encerra a trilogia do baixo orçamento do autor/diretor. Vieram antes Apenas o Fim e Eu Não Tenho a Menor Ideia do Que Tô Fazendo com Minha Vida. O próprio Matheus anda em êxtase. "É o meu filme que a família e os amigos mais gostam." E ele não tem vergonha de dizer - "Adoro a comédia, é meu gênero favorito. Fiz o Tamo Junto para comunicar, para que as pessoas rissem." Para garantir sua independência, fazendo o filme que queria, prescindiu das leis de patrocínio. "Não queria ninguém me enchendo o saco, dizendo o que podia e o que não podia." Vieram depois o produtor Ricardo Teixeira e a distribuidora Paris, que participaram da finalização e, agora, do lançamento.

Matheus é ator. Identifica-se com seu personagem? "Na verdade, acho que me distribuo entre os quatro personagens principais. São dois casais. Leandro Soares termina um namoro para se divertir, Sophie quer se casar paras assumir as responsabilidades de um mulher, Matheus é o nerd e Alice Wegmann, a descolada. "É o encontro do eu-nunca, meu personagem, com a eu-já, a personagem dela." Embora rejeite o rótulo de porta-voz de sua geração, Matheus diz que o filme carrega questões suas'. É um dilema ambulante. Acrescenta que todo o mundo é meio assim, hoje em dia. "Tenho todas as responsabilidades de um adulto. Trabalho, pago minhas contas, mas também adoro game e super-heróis, e muita gente poderá dizer que isso é infantil."

Para escrever Tamo Junto, ele se baseou em vivências próprias? "Cara, sou o terror das mesas de bar. Tá todo mundo no embalo e eu saco do papel e da caneta para anotar alguma coisa que vou usar depois." A camaradagem com Sophie e Leandro Soares é total. "Começamos muito jovens, no Teatro Tablado. Isso criou uma cumplicidade para a vida. Como ator, necessito de atores inteligentes para contracenar comigo. Estou no set dirigindo, atuando. Não tenho muito tempo. Dou duas ou três instruções e, na segunda, a Sophie e o Leandro já entenderam e estão fazendo melhor do que pedi." Em Gramado, Matheus comparou-a a Audrey Hepburn. "Sophie é encantadora, além de ser essa beleza toda. As novelas a utilizam com uma carga dramática muito forte, eu lhe devolvo a leveza." Ela é absolutamente radiante no filme.

E o diretor/ator/autor diz que a vontade de ser divertido e comunicativo não impede o filme de ter ambição artística. O repórter comenta a reestreia de Blow-Up - Depois Daquele Beijo, clássico de Michelangelo Antonioni que marcou época como filme de arte para as massas. Matheus brinca que vai na contramão - "Meu filme é de massas com arte." Tem muito claras suas referências - o Woody Allen do começo da carreira, de O Dorminhoco, Bóris Grushenko e Bananas. Judd Apatow, sempre. E A Primeira Noite de Um Homem, de Mike Nichols, cuja cena final lhe serve de inspiração. Ele discute esses filmes com o elenco, ou são referências dele, para ele? "Faço todo mundo ver. Passo para eles uma lista de filmes e séries como dever de casa."

Como a família e os amigos de Matheus, o repórter também se encantou com Tamo Junto. A graça é que, dialogando com suas comédias favoritas, ele não deixa de propor uma desconstrução. "Ao mesmo tempo que me conecto com os tradicionais filmes de personagens em busca de amor e sexo, o que tento fazer é desconstruir, inverter e brincar com o que se espera dos papéis masculinos e femininos nesses filmes." Chega de elogiar Sophie e o diretor. Uma palavrinha para Leandro Soares. Ele escreve o Vai Que Cola para Paulo Gustavo, traduziu Oscar Wilde (A Importância de Ser Perfeito) e Alfred Jarry (Ubu Rei!) para teatro, dirige. Tem o que Matheus queria - o dom da comunicação. "Escrever, traduzir e atuar faz tudo parte do mesmo movimento para mim. É uma maneira de inventar vida."


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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