15/12/2015 08h09
Minas abre hoje o seu Museu de Congonhas
Considerado patrimônio cultural mundial pela Unesco desde 1985, o sÃtio histórico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG), ganha nesta terça, 15, à s 10h30, um museu, assinado pelo arquiteto Gustavo Penna, um dos mais respeitados profissionais mineiros, autor de projetos como a Escola Guignard (Belo Horizonte), a Academia Mineira de Letras (Belo Horizonte) e a Universidade Federal de Itajubá (Itabira). Numa área de 3.452 metros quadrados, construÃdo ao lado do Santuário, o museu vai funcionar como um espaço cultural para receber turistas e romeiros, promovendo exposições e integrando a população local num programa de valorização do patrimônio.
O museu tem três pavimentos com biblioteca, auditório, ateliê, espaço educativo, anfiteatro ao ar livre, cafeteria e salas de exposições. A exposição permanente que inaugura o Museu de Congonhas tem curadoria dos museólogos LetÃcia Julião e Rene Lommez, tratando da arte religiosa presente no Santuário, que, entre outras obras, conserva o conjunto dos 12 profetas de Aleijadinho, expressão máxima da arte barroca brasileira. Uma das principais coleções de Minas, a da pesquisadora Márcia de Moura Castro (1918-2012), adquirida pelo Iphan em 2011, faz parte do acervo da instituição: são 342 peças colecionadas pela pesquisadora, entre elas ex-votos, santos de devoção, tábuas votivas e esculturas corporais.
Outra coleção importante que passa a integrar o acervo do novo museu é a do professor Fábio França, uma biblioteca que se tornou referência sobre arte barroca, especialmente a obra de Aleijadinho. ConstruÃda pelo estudioso durante 40 anos, ela vai ajudar não só pesquisadores, mas turistas e romeiros, a entender melhor a obra do escultor barroco.
O arquiteto Gustavo Penna, em entrevista ao Caderno 2, do jornal O Estado de S.Paulo, revelou que chegou a ser discutida a remoção dos profetas do Aleijadinho de Congonhas para o interior do museu, para proteger as esculturas feitas de pedra-sabão, hoje ameaçadas por fungos, bactérias e poluição, além de atos de vandalismo. "Não há ainda uma posição definitiva sobre o assunto, pois muitos são contra a construção de réplicas para proteger as esculturas originais nas dependências do museu."
O fato é que a mania dos selfies ao lado dos profetas de Aleijadinho e a ignorância dos turistas sobre as obras têm prejudicado muito a sua conservação. Os 12 profetas, agora, foram modelados por meio eletrônico (digitalização em 3D) em ação coordenada pela Unesco, que promoveu o concurso para a construção do museu, do qual Penna foi o vencedor.
Tombado pelo Iphan em 1939, o conjunto arquitetônico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, formado pela igreja, o adro e seis capelas que reproduzem os passos da Paixão de Cristo (peças de Aleijadinho e assistentes), foi construÃdo em etapas, entre 1757 e 1875. Como o novo museu está localizado no declive natural do terreno do Santuário, o arquiteto Gustavo Penna cuidou para não eclipsar o conjunto secular, optando pelo diálogo arquitetônico entre o barroco e o contemporâneo. O resultado é harmônico. Penna usou pedras da região, acompanhando com a curvatura do prédio a forma oval da rota dos romeiros.
"O museu foi pensado tanto para contar a história do santuário como para integrar turistas e romeiros nesse território simbólico entre o sagrado e a memória", finaliza o arquiteto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo