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29/06/2016 08h36

'Paratodos' nasce da observação humana de atletas paralímpicos

Em 2012, depois de concluir seu longa Cidade Cinza, Marcelo Mesquita tirou uma semana de férias. Zapeando na TV, chamou sua atenção a transmissão da Paralimpíada de Londres. Estádios lotados, e aquele apresentador que dizia que atletas deficientes - sem pernas - estavam só um segundo atrás do campeão jamaicano. E o apresentador disse mais - que dali a pouco o telespectador veria Oscar Pistorius ganhar o ouro da categoria. Mesquita acomodou-se para ver a grande conquista. O mundo e ele viram outra coisa. Um desconhecido corredor brasileiro, Alan Fonteles, arrebatou o ouro.

Como? Dizer que naquele começou a nascer o documentário Paratodos talvez seja meia-verdade. Porque Mesquita não fala muito sobre isso, mas seu pai havia tido uma doença grave que deixou sequelas e lhe incomodava o olhar dos outros. Teve gente que até se afastou. Isso, sim, somado ao que viu na TV, mexeu com sua sensibilidade. Passaram-se quatro anos e Paratodos, enfim, está no mundo. Não é só um belo documentário e um filme de valor artístico inegável. É todo um projeto de inclusão que veio sendo trabalhado simultaneamente.

Paratodos estreou na quinta, 23, distribuído pela O2Play em todo o Brasil. Foi precedido de pré-estreias mistas (pagas e para convidados) na terça, 21. Em vários lugares, lotou. Ao mesmo tempo, iniciou-se um projeto gestado pela produtora Sala12 Filmes e a Taturana Mobilização Social em parceria com secretarias municipais e de Estado da Educação em São Paulo, no Rio, na Bahia e em Pernambuco. O filme já está sendo visto por estudantes da rede pública, num projeto que visa a atender 2 mil escolas. Cada uma recebe o DVD, mais apostila com orientação para professores. A estimativa é de que seja visto por 250 mil estudantes.

O que Marcelo Mesquita descobriu, naquele dia, na TV, é que o esporte está mais ágil que a sociedade em termos de inclusão. A rampa é necessária, mas a acessibilidade não termina aí. É preciso incluir na educação, saúde. Paratodos é um lema, uma meta. Um filme e muito mais. Acompanhando atletas de quatro modalidades em que o Brasil tem subido ao pódio dos esportes paralímpicos - corrida, canoagem, futebol e natação -, o filme conta histórias não de super-homens e mulheres, muito menos de coitadinhos. São guerreiros. Têm humor. Têm de enfrentar tudo, até a corrupção (que existe) no esporte. Não é um olhar jornalístico. O documentário é de observação, prioriza a estética. Toda atenção ao detalhe. No futebol, o som da bola é trabalhado para adquirir uma dimensão fantástica. O diretor é apaixonado por Gabriel García Márquez. Em Paratodos, há um tanto de realismo mágico.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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