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Variedades
09/03/2015 16h50

Paulo Gustavo está no palco com dois espetáculos

Só Paulo Gustavo para manter o bom humor com a pesada rotina de vida que vem levando. Ele está no palco com dois espetáculos - 220 Volts e Hiperativo - e houve uma semana recente em que somou aos dois apresentações especiais de Minha Mãe É Uma Peça. Ter pique para estar todo dia no palco não é para qualquer um.
Manter as marcações, as falas, também não. "Mas quando eu erro e misturo as coisas, o público adora", ele conta. O ritmo ficou ainda mais puxado. Na segunda-feira passada, 2, Paulo Gustavo começou a filmar Vai Que Cola. O sucesso da TV vai virar filme, como ocorreu com Minha Mãe É Uma Peça.

Paulo tem acordado às 4h30 da manhã. Às 5h30 já está no set, seja estúdio ou locação. No final da tarde, o carro o apanha e leva para casa. Chega moído, mas o dia ainda não acabou. Para relaxar, assiste a programas variados na TV. Se não está no palco, no fim de semana, arranja tempo para um teatro, que adora.
"A última peça que vi foi Através do Espelho, dirigida por Ulysses Cruz e estrelada pela Gabriela Duarte que, a propósito, está magnífica atuando no papel de uma personagem esquizofrênica." Foi numa correria dessas - um pouco menos, talvez, porque não estava filmando -, que Paulo Gustavo escreveu o livro. Escreveu, em termos. "Tive, como é que se diz, ghost writer. Quem teve a ideia foi meu empresário. Eu contava novas histórias de Dona Hermínia, o Ulisses (Mattos) e o Fil (Braz) escreviam, e depois eu revisava. Ficou bem divertido."

Como ele consegue manter a criatividade com essa vida louca? "Pois é, boa pergunta. Meu humor se baseia muito na observação. Sou muito antenado, voyeur compulsivo, sempre ligado no que ocorre ao redor, no que as pessoas estão fazendo. Se me isolo, fico seco. No ano passado, aconteceu. Teve um momento em que as ideias secaram, não conseguia pensar numa piada. Terminei fugindo. Fui passar um mês de férias na Austrália, longe de tudo e todos. Lá eu não era o Paulo Gustavo. Encontrava raros brasileiros - não adianta, estamos em toda parte - que me reconheciam. De resto, podia ir à farmácia, ao bar. Observava à vontade. Você vai dizer - mas eram australianos, não brasileiros! E daí? As pessoas são as mesmas em toda parte. Só é preciso botar um molhinho."

Nesse sábado, 7, no Rio, foi um dia especial. Paulo Gustavo lançou no HSBC Arena Rio o DVD de Hiperativo, que já saiu com 50 mil cópias vendidas. DVD de platina para ninguém botar defeito. Houve também uma apresentação única do espetáculo. Em São Paulo, no Teatro Procópio Ferreira, 220 Volts segue lotado até o fim do mês. Com sorte, você ainda consegue ingresso para apresentações suplementares, no mesmo local, nos dias 3, 4 e 5 de abril.

Todo mundo quer ver Paulo Gustavo, uma quantidade incrível de pessoas o segue nas redes sociais. Nem por isso se dão por satisfeitas. Cada vez mais tem gente querendo usar Paulo Gustavo - a grife que ele criou. E no meio de tudo isso, nas horas vagas - quais? - ele ainda arranja tempo para tentar desenvolver um projeto pessoal que talvez tenha começado de brincadeira. Perguntaram um dia se ele não tinha um personagem sério que gostaria de fazer. Paulo Gustavo tirou da cartola o mais improvável dos personagens - São Francisco de Assis. A ideia bombou nas redes e, depois de Roberto Rossellini (Francisco, Arauto de Deus), Michael Curtiz (São Francisco de Assis) e Pier Paolo Pasolini (Gaviões e Passarinhos, com o lendário Totò), não se surpreenda se o 'poverello di assisi' aportar em terras brasileiras, em algum intervalo de Minha Mãe É Uma Peça 5 ou 6.

Como ator, ele foi indicado para o Shell por Minha Mãe É Uma Peça. É o primeiro a ironizar - "Devia ser cota, alguma coisa assim. Para ganhar prêmio de teatro, só se for drama." O preconceito prossegue no cinema. Pois se nem Charles Chaplin, um dos inventores da linguagem - e da indústria - do cinema foi premiado... Seu único Oscar, fora um prêmio especial, foi pela partitura de Luzes da Ribalta, quando o filme finalmente estreou em Los Angeles, em 1972 - 20 anos depois de Chaplin se haver exilado, por causa da lista negra do macarthismo.

O repórter lembra o caso do francês Guillaume Galienne que, em 2013, ganhou o César, o Oscar francês de melhor filme e ator por Eu, Mamãe e os Meninos, em que representava um travesti no papel de uma mãe dominadora. Dona Hermínia é melhor e mais divertida que a mãe de Galienne e o filme, do próprio ator, roteirista e diretor, perde para o do brasileiro de André Pellenz.

Minha Mãe É Uma Peça - O Filme foi indicado em três categorias para o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro no ano passado - melhor roteiro adaptado, atriz coadjuvante e melhor comédia. Não ganhou em nenhuma. Paulo Gustavo diz que não se importa. "Prefiro o carinho do público a colocar uma estatueta na estante."
Pode ser que esteja sendo sincero, mas qual é o artista que não gosta de reconhecimento? Uma coisa não se pode negar - a capacidade de Paulo Gustavo como ator. Em 220 Volts, ele retrata várias facetas do universo feminino. Em Vai Que Cola, faz malandro - Valdomiro Lacerda - que foge da polícia e vai parar numa pensão do Méier. É duro para ele viver no subúrbio e, mais ainda, aguentar as provocações do criado insolente Ferdinando, interpretado por Marcus M.

Para Paulo Gustavo, seu humor é feito de observação. Tudo o que ele coloca no palco, na tela é roubado do mundo real. Ele começou por roubar a própria mãe, e colocou muita coisa dela na personagem Dona Hermínia, que virou o fenômeno que todo mundo sabe. A última de Dona Hermínia é virar personagem de livro, por obra e graça do filho pródigo e de seus dois amigos e colaboradores. Minha Mãe É Uma Peça (o livro) sai pela Objetiva. De cara, Dona Hermínia filosofa - "Minha vida daria um livro." E começam os capítulos - um guia de Dona Hermínia sobre como criar os filhos, sua dissertação sobre preconceito - "Você ainda vai ter um!" -, a luta contra a balança (da filha Marcelina), um "Vamos falar de sexo", etc.

Comece a ler Minha Mãe É Uma Peça - antes, é preciso comprar, claro. Você vai ouvir Dona Hermínia pela voz de Paulo Gustavo. "Gente, quem lê livro hoje em dia? Só gente fina, com estudo. Pra muita gente ler, virar sucesso em livraria, entrar pra lista dos mais vendidos, tem que ter história bem boa mesmo. Senão não desperta em ninguém a vontade de ler. Acha que é fácil? Você tem que ir aos poucos pra ver se sua vida daria um livro mesmo. Acompanha comigo. Primeiro, você pensa se sua vida daria uma peça. Porque peça é mais barato de fazer e tira pouco tempo de quem vai ver." A vida de Dona Hermínia passou no próprio teste. Virou peça, filme e só agora livro. A mãe é a dele, Paulo Gustavo, mas pode ser a sua. "Mãe dominadora é tudo a mesma coisa", ele crava. Essa universalidade ajuda a entender a aceitação de Dona Hermínia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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